13 de mai. de 2011

Relíquias


Mexendo em papéis antigos esbarrei em muitas lembranças.

Agradeço ao acaso, que me permitiu viver dois tempos (até agora): ”antes da Internet” e “depois da Internet”.

Lá na era pré Internet, se fazer um interurbano era luxo pra poucos, uma ligação internacional era algo quase inconcebível para simples mortais. A solução era recorrer aos Correios. Estou nostálgica, admito! E também sou, ou pelo menos era, fã do pacote carta/envelope/selo/postagem.

Reli muitas das cartas que me foram enviadas. São pra mim relíquias da minha história. E me faz feliz saber que pessoas dedicaram tempo pra sentar diante de uma folha de papel, redigir uma carta, comprar um envelope, ir até o Correio, enfrentar uma fila e despachar uma correspondência endereçada a mim.

Há uma certeza que nunca me abandona e se impõe a toda racionalidade que eu possa ter. Nesta existência, as únicas coisas que realmente importam são os relacionamentos humanos que estabelecemos.

Estas cartas, provas concretas de parte do que já vivi, me trouxeram uma sensação tão agradável que não seria justo dizer que foi algo menor do que felicidade. E, mais do que isso, me permitiram entender que o passado não nos aprisiona, mas inspira o nosso presente e o nosso futuro.

12 de abr. de 2011

Cisma

Eu tenho, ou tinha, um pilar. E descobri que, mesmo que sua localização fosse um segredo guardado a sete chaves, ele estaria sempre exposto. Um pilar deve ser resistente, deve dar sustentação. Mas da física chegam cálculos e leis que nos deixam sempre em alerta. Atingido no ponto certo e com a intensidade ideal, qualquer pilar há de ruir. Acho que daí vem a explicação pra muito do que possa ser, aparentemente, incompreensível.
Minha viga experimentou esta equação. Nem ouso descrever o que foi. Minha intimidade com as palavras não chega a tanto. A poeira dos escombros, as ruínas amontoadas... são paisagens com as quais não consigo conviver. Ainda sigo sem norte. Um pouco distante desse cenário árido, posso ver que a fundação ainda está lá. De alguma maneira minha fragilidade continua a mesma, assim como a fonte do golpe continua à espreita. O pavor de vivenciar o mesmo cisma me restringe. Entre alvo e refém, ainda não encontrei a via de escape.